domingo, 31 de maio de 2009

"Descoordenação entre MAI e Defesa”



"CORREIO DA MANHÃ" 31 Maio 2009 - 00h30
Entrevista: General Garcia Leandro

"Descoordenação entre MAI e Defesa”

General Garcia Leandro, no balanço da presidência do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, aponta falhas.
Correio da Manhã – Estudos de opinião divulgados pelo OSCOT nestes dois anos mostram sentimento de insegurança dos portugueses.
Garcia Leandro – Notou-se nos últimos anos grande aumento do crime organizado: tráfico de pessoas, exploração da imigração, tráfico de droga. Em 2007, a maior preocupação das pessoas eram os crimes contra o património. Em 2008 e 2009, era maior a preocupação com o crime violento e económico. E há a salientar ainda a falta de confiança nos tribunais.
– O MAI toma as medidas certas?
– São medidas estratégicas correctas. Mas as reformas estruturais demoram a produzir efeitos, é preciso formar pessoas, comprar material, fazer obras, etc.
– Como avalia o trabalho do secretário-geral de Segurança Interna?
- O juiz Mário Mendes foi a escolha certa. E falou recentemente da necessidade de pôr as Forças Armadas a vigiar a costa. Força Aérea, Marinha e forças de segurança devem trabalhar em conjunto. O mar não tem barreiras, não podemos criar barreiras artificiais à aplicação dos meios que temos.
– É essa a reforma que falta?
– Falta adequar o pensamento sobre segurança ao novo paradigma com que estamos confrontados. Falta coordenação entre Defesa e Administração Interna. Têm de trabalhar juntas, até para não dispersarmos recursos. A ameaça externa tem de ser entendida de outra forma. Falta visão de conjunto.
PERFIL
General Garcia Leandro, 65 anos, foi governador de Macau (1974/79) e director do Instituto da Defesa Nacional (2001/04).
José Carlos Marques

domingo, 24 de maio de 2009

Baleado em assalto foi deixado à porta do hospital



Baleado em assalto foi deixado à porta do hospital

Agente da Polícia Marítima e vizinhos tentaram travar grupo que roubava máquina de tabaco em café da Maia.
Um agente da Polícia Marítima alvejou um dos quatro assaltantes de um café, junto à sua casa, sábado de madrugada, em Moreira da Maia. A vítima, de 22 anos, foi atingida na cabeça quando seguia na bagageira do carro, mas está livre de perigo.
Tudo aconteceu por volta das 05.15 horas, na Travessa Manuel Baptista daquela freguesia do concelho da Maia, numa zona em que os assaltos têm sido frequentes (ver caixa). Desta vez, o alvo foi a confeitaria "Raio de Sol".
Ainda o sol não nascera, quando quatro assaltantes, deslocando-se num Opel Astra, furtado na cidade do Porto, deitaram abaixo a montra do estabelecimento. Queriam a máquina do tabaco e a máquina registadora e ainda conseguiram tirá-las de dentro da confeitaria para o passeio da rua.
"Ouvimos um estrondo enorme", afirmou Sara Castro, uma vizinha do café, que dormia com o marido. Sem nunca abrir a janela, Sara ainda ouviu os assaltantes ameaçarem: "Vai tiro, vai tiro..."
Se tivesse espreitado, Sara ficaria ainda mais assustada, porque, entretanto, com tanto estrondo, os assaltantes acabaram por acordar todos os vizinhos, muitos dos quais foram à janela. Alguns fizeram mais do que ver e começaram a ameaçar os assaltantes. Um chegou até a atirar um vaso para cima deles.
Mas foi a intervenção de um outro, agente da Polícia Marítima, que acabou por precipitar a fuga dos ladrões. Aos vários gritos de "Polícia, parem", o agente teve como resposta: "Vai tiro". Ao que o JN apurou, o polícia terá ainda efectuado vários disparos para o ar, mas quando se apercebeu de que os assaltantes iam fugir terá efectuado pelo menos um disparo na direcção do veículo. "Ouvimos quatro ou cinco tiros", afirma Sara Castro.
Com a pressa, alguns dos fugitivos apenas tiveram tempo para se empoleirarem na bagageira e arrancar com a porta aberta. Um deles, de 22 anos, residente, na vizinha freguesia de Pedrouço, foi atingido na cabeça. Testemunhas dizem que o carro parou uns metros à frente, possivelmente para fecharem a porta da bagageira.
Quinze minutos mais tarde, o 112 recebeu um pedido de assistência para a estação de táxis do Hospital de S. João, no Porto. Um jovem com um ferimento de bala na cabeça tinha sido abandonado na praça, ainda consciente. À hora do fecho desta edição, estava internado no serviço de Cuidados Intermédios e livre de perigo.
Fonte policial adiantou que o grupo já terá antecedentes por furto. Os restantes elementos encontram-se em fuga. O carro usado no assalto foi recuperado.