terça-feira, 11 de agosto de 2009

PARA REFLECTIR

Este texto foi-nos endereçado via mail.
Não conhecemos o seu autor, desconhecemos se é quem o remeteu.
Mas porque merece uma séria reflexão, não quisemos deixar de o partilhar convosco.

NÓS, ORGÃOS POLÍCIA CRIMINAL, QUEREMOS SABER COMO AGIR.

Queremos que nos digam o que esperam que façamos.

Queremos que nos digam como querem que seja executada a nossa acção.

Até agora corremos por nossa conta e risco. Sacrificamos a vida pessoal e familiar, sacrificamos o nosso orçamento familiar para adquirir meios que não nos facultam e agimos de acordo com a nossa avaliação dos factos com o único objectivo de manter a Ordem Pública, a Autoridade do Estado. Quando as coisas correm mal descobrimos que não era exactamente o que a sociedade pretendia e somos punidos. E se não agimos somos acusados de complacência.

Em principio, o Policia está investido de Autoridade do Estado, mas em quê que se traduz essa autoridade? Como pode fazer valê-la? Como se pode mantê-la inviolável?

Fisicamente, qualquer POLICIA pode ser vencido por qualquer cidadão. Ainda não há “Super-Homens”, mas os POLICIAS também não podem usar a violência física, apenas podem defender-se da violência contra si.

Alguém acredita que basta uma ordem verbal para fazer sanar um crime, por menor que ele seja?

Sendo desrespeitada a ordem verbal, qual o patamar seguinte?

Ignorar o crime ou manter a Autoridade Pública? A que custo?

Reportemo-nos ao caso do militar da GNR condenado a 14 anos de prisão por ter disparado contra um jovem de 17 anos que lhe havia roubado um fio de ouro, causando-lhe a morte.
Face à evolução da sociedade, face à queda de valores e da ordem social, este caso merece a nossa reflexão, merece por isso uma análise profunda. Aqui apenas serão lançados os dados.

O POLICIA em causa foi punido, assim o ditou a justiça. Então ficamos a saber que aquela actuação foi severamente condenada, foi considerada totalmente inaceitável.

No entanto alguém deveria dizer como ele deveria ter agido para amanhã os outros POLICIAS saberem como actuar, e o cenário que se põe é o seguinte:

O POLICIA, identifica-se e oferece resistência. Se os assaltantes prosseguirem com o roubo, o POLICIA, fisicamente em desvantagem, permite que lhe levem o fio.
Posteriormente, pede apoio policial para tentar identificá-los, com ou sem sucesso dada a enorme multidão e enorme área urbana. Não se livra da vergonha pessoal, social e profissional de sendo POLICIA, ter-se deixado roubar.

No dia seguinte esse mesmo POLICIA, já fardado exerce a sua actividade na zona e passa a ser vítima de chacota social. Como pode proteger um cidadão se ele próprio tinha sido assaltado?

Mesmo que fosse possível identificar os indivíduos, o POLICIA não os levaria a justiça, por uma série de razões; A Justiça é excessivamente cara , perante o seu rendimento, e não teria apoio institucional; A Justiça é lenta e seria ineficaz pois a sua Autoridade como policia já estava ferida. Restar-lhe-ia conformar-se e eventualmente mudar de zona.

Como se sentiriam os assaltantes se o POLICIA tivesse sido assaltado sem consequências? Confiantes para tentar um patamar mais acima? Qual? Qualquer um!

Agora, digam-nos como reagiremos se, estando sozinhos, virmos um cidadão a ser roubado ou agredido por alguém fisicamente superior a nós? Deixamo-lo agir e chamamos reforços para tentar identificá-lo a posteriori? É que só dizer que se está investido da Autoridade do Estado não chega para fazer cessar a agressão. O que poderá o agressor temer quando vê um POLICIA? Nada!

Mas a estas questões há duas versões:
Se quem responde for a vitima, todos os meios são aceitáveis, caso seja pai, familiar do criminoso, todos os meios são escessivos. No meio destas análises está o POLICIA que tem de tomar uma decisão sozinho!

Mas o que acontece ao POLICIA se “não viu” o cidadão a ser vitima de um crime? Nada. O que acontece se reagir e essa reacção foi desproporcionada? Severamente condenado!

Então em que ficamos? Que querem de nós que ainda não somos Super-Homens?

Quem rouba um fio a um POLICIA também pode roubar a arma. Não?! Então, se amanhã um grupo de delinquentes abordar um POLICIA e lhe exigir a arma, como deve reagir?

Fisicamente inferiorizado, usa a arma para manter na sua posse (na posse do Estado) ou entrega-a para não por em risco a vida dos delinquentes? Como agirá?

Se o POLICIA usar e atingir alguém, tem destino certo na cadeia, se a entregar ainda que resista sem pôr a sua vida em perigo, pode ser expulso pela Instituição. Mas a arma roubada pode ser usada contra cidadãos comuns, qualquer um! De quem será a responsabilidade?

Vejamos ainda o seguinte:

Há doentes que entram com próprio pé num hospital e saem no estado vegetativo e outros já nem saem de lá vivos: Erro médico mas ninguém vai para a cadeia;

Há juízes que condenam inocentes e outros que libertam criminosos que voltam a cometer crimes, muitos deles violentos, e nenhum vai para a cadeia porque não se pode beliscar a Autoridade do Estado. É que caso acontece os Senhores Juízes passariam estar condicionados no momento de decidir. É exactamente o que acontece com os POLICIAS, estão extremamente condicionados no momento de decidir porque o risco da cadeia é real e não há desculpabilização para um erro policial, ainda que seja sobre delinquentes, ainda que seja para repelir um crime!

Precisamos que nos digam como deveremos agir!

Não podemos manter a Autoridade do Estado por nossa conta e risco! Alguém tem que assumir essa responsabilidade: Agimos até que ponto ou simplesmente não agimos? É preciso ter presente que a voz da POLICIA apenas é respeitada pelas pessoas de bem, mas com essas pessoas não resultam problemas, queremos saber como agir perante aqueles que não obedecem e até desafiam a Autoridade do Estado? Alguém dirá, levem-nos à justiça! Mas é exactamente isso que queremos que alguém diga, como levamos alguém à justiça contra a sua vontade, quando resiste e é fisicamente forte?
Como fazemos cessar uma agressão contra nós ou contra um cidadão, se fisicamente estivermos em desvantagem? Deixamos agredir e identificamo-los depois? Deixamos de ser POLICIAS e passamos a ser identificadores de criminosos?

No passado, um delinquente era severamente punido pela moral social e isso, em muitos casos, era suficiente. Hoje tal não acontece.

Para uma melhor qualidade da actuação policial, exige-se que os cidadãos digam o que esperam de nós, como querem que o POLICIA mantenha a Autoridade do Estado, ainda que seja contra si, mas para o bem comum. O risco é cada vez maior e tal verifica-se no aumento da insegurança.

O ridículo já aconteceu:

Um cidadão fugiu para uma esquadra para se proteger e foi agredido lá dentro por quem o perseguia. Alguém perguntou como é possível tal acontecer? Acontece porque o POLICIA não pode fazer nada. Essa é a realidade que ninguém quer ver! Amanhã, quando casos ridículos se banalizarem, poderá ser tarde demais! Daqui a tomarem de assalto a esquadra… pouco falta! Até por brincadeira, mas é possível.

Vale a pena pensar nisto!

11 comentários:

jpbsc disse...

alguém passou ao papel o que 95% dos profissionais de polícia sentem, e deixo de fora 5%, para aquele que só vestem a farda (ou não a vestem), mas não são verdadeiros profissionais. A esta verdade nua e crua, a esta dura realidade, não interessa o meu comentário,pois seria mais do mesmo e talvez agravado pela falta de apoio dos nossos comandos, mas vou deixar aqui um pedido, um simples comentário de um elemento do governo e já agora de um representante dos juízes.

Pascal disse...

É impossível ler a publicação em comentário sem beber daquelas palavras... Quem de entre nós, Polícias de farda e alma não viveu uma situação de total impotência? Cabe-nos saber lidar com todas as situações, desprovidos de quaisquer emoções por muito revoltantes que sejam as ocorrências, como se de meras máquinas nos tratá-se-mos. Mas quando o crime bate na nossa porta, não é fácil lidar com as emoções... e muito menos deixar os larápios gozar da potencial impunidade inerente à não actuação que está ao nosso alcance para que não sejamos acusados de excesso de zelo, abuso de autoridade ou outra qualquer designação habitualmente empregue pelo sistema judicial.
Palavras para quê...

Paulo Marques disse...

Sem comentários....


" Felecidade não é teres a liberdade para fazer aquilo que gostas. Felecidade é teres a liberdade para gostares daquilo que fazes."

Cumprimentos....

Anónimo disse...

sou da opinião, de que há suficiente matéria séria(demais até), para simplesmente flutuar no meio cibernautico. passar a coisas mais serias como divulgação para os media, entre outras coisas que penso que penso que é de conhecimento comum, e esmiuçar para obter resposta àquilo que é o principio básico de qualquer policia, que é precisamente "como ser policia?".
já agora só mais uma coisa para pensar: e quem está a caminho de ser polícia? play by the book?? pois..

Anónimo disse...

É o espelho da nação, sem mais comentários!

Megavles

Anónimo disse...

encontro-me neste momento a finalizar o curso de formação de agentes, em breve estarei na rua, como AGENTE. este titulo é reconhecido por todos, a farda identifica-nos, mas com toda a certeza não é respeitado por todos. enquanto POLICIA vestirei a farda por dentro e por fora e desempenharei as minhas funções tão bem quanto me deixarem. o que verifico entre os agentes já experientes, assim como entre os camaradas que se encontram na mesma fase de formação que eu, é incerteza quanto à forma de agir perante situações criticas e de que poderão levar a situações de violência (graves). recebo como conselho nunca sacar da arma de fogo, evitar agir de forma agressiva em público, tenho que falar alto para que todos em redor se apercebam do que se passa (já não basta a palavra do agente, na rua a farda deixa cada vez mais de representar autoridade)... mas recebi formação de tácticas policias, onde o uso de armas de fogo ou o bastão foram seriamente abordados. que faço então?

Anónimo disse...

Um Agente de Polícia, tem que ter uma GRANDE Pedagogia e saber avaliar todas as situações...encontro-me num Comando onde todos os dias existem situações complicadas, principalmente nesta altura do ano...e não tenho nenhum problema em usar o bastão, tb já usei a arma (infelizmente, e não me orgulho disso)...como modo disuasor!

Infelizmente as Leis em Portugal, são para os meliantes e não para os Polícias...temos que ser nós a investir do proprio bolso em formações...em defesa pessoal...etc! Para que, se um dia tivermos que usar a força fisica conseguirmo-nos defender, deter alguém...e não sejamos nós a ficar mal!

Costumo dizer que os Agentes PM teem uma estrelinha lá em cima no céu, que olha por cada um de nós...porque a bem ou mal, com meios ou sem meios, com muitos agentes ou simplesmente apenas com 1 conseguimos sempre desenrrascar o serviço...mas isto porque gostamos daquilo que fazemos e porque a MAIORIA de nós tem BRIO na farda que veste e queremos dar projecção mesmo contra TODOS á nossa Polícia, que é a Polícia Marítima!

Concordo com tudo aquilo que foi escrito no texto...e acredito (porque quero mm acreditar) que um dia sejam claros, na forma em como devemos agir...sem medos de processos disciplinares, ou até mesmo, sem medo de irmos parar á cadeia....SIMPLESMENTE POR FAZERMOS O NOSSO TRABALHO E DEFENDERMOS O CIDADÃO!

Cumprimentos,
TOM SAWYER

Anónimo disse...

este post é infeliz!
um policia cometeu um crime, disparando e matando pelas costas um assaltante e ferindo um inocente com os disparos.
Dificultou a justiça , não colaborando na descoberta da verdade.
é crime agravado pela sua funcao de defesa da justiça, pelo seu conhecimento/ formação em armas de fogo etc etc
duvidas?
cometeu um crime e terá de pagar ...

Anónimo disse...

Estão a esquecer a autoridade de estado.....


Volta ao antes 25 de Abril e ias ver o caminho que levavas....

Anónimo disse...

A sorte dos profissionais da PM é; caminharem a passos largos para a Marinha, Militares das Forças Armadas, e voltarem para as unidades em terra e navais onde poderão voltar às minis, tostas mistas e bifanas...
QUERO SER MARUJO!!!!
NÃO POLIXIA...

CORISCO

O Velho disse...

É caso para cada um reflectir, estamos todos sujeitos a situações identicas, esta deve servir de jurisprudencia para nossa reacção no dia a dia.
Um lado é o que desejamos fazer ou agir o outro o que podemos fazer e as suas consequências.
No entando não devemos baixar a guarda porque é isso que os nossos "amigos" assim o desejam, temos problemas a todos os segundos, minutos, horas e dias, na nossa afirmação como polícias, que é uma luta constante, internamente, bem como com os "corpos estranhos" que se metem na nossa actividade, em virtude disso devemos estar unidos e apoiarmo-nos no único objecto que temos (ASPPM), por isso caros colegas ou camaradas utilizem esse meio para denunciarem os abusos a que estão sujeitos no dia a dia.

cumprimentos